08 julho 2006

Publicidade

I

Os Relógios Maurice Lacroix anunciam que “Não precisa de muito tempo para estar bem arranjado”. Ora isto, numa publicidade a um relógio de gama alta – daqueles que dão as mesmas horas que os outros mas que custam vários ordenados mínimos – soa-me mal.

Tá bem, é bom saber que eles são despachadinhos a arranjar a maquineta, coisa que em relógios pode levar eternidades, sei-o por experiência própria (mas que fica entre camelo e Camelo). O que me faz confusão é eles anunciarem logo à partida que aquilo vai avariar! “Olhe, você compra o relógio, este aqui por exemplo, que custa um mês de reforma de ex-administrador do Banco de Portugal, ele avaria logo a seguir, às vezes nem vale a pena chegar a sair com ele da loja, mas deixe estar que «Não precisa de muito tempo para estar bem arranjado»”!

E depois, avaria quantas vezes? Só uma, a primeira? Ou é regular? Tipo quando, uma vez por ano? Por mês? Mas porque é que eu me hei-de preocupar se “Não precisa de muito tempo para estar bem arranjado”?

Bem arranjado estou eu com esta publicidade pseudo-intelectual de “para bom entendedor meia palavra basta”, quando a premissa talvez devesse ser “para meio entendedor, nem boa palavra basta”


II

A TopAtlântico anuncia: “madeira. desde €370”

Parece-me carote. Eu no AKI ou no Mestre Maco costumo ver madeira desde €4,99...


III

Em anuncio rádio: (som similar a comboio) “O que é aquilo, o TGV já chegou a Portugal?”, “Não, chefe, é a SEUR a fazer uma entrega”.... ... ...

Por um lado não me apetece comentar... torna-se... desnecessário...

Por outro lado... levantam-se-me duas questões:

Primeiro, a SEUR faz assim tanto barulho a fazer entregas?
Segundo: há mesmo gente paga para escrever isto?

IV

A publicidade que mais me irrita é aquela que é tão abertamente mentirosa que acho que os estúpidos que caem nela, merecem, logo, é eficaz. E vem isto a propósito de louvar o anuncio da Vodafone que afirma que “Falar no estrangeiro custa o mesmo por minuto que em Portugal”, acrescentando em baixo que “por apenas mais 80 cêntimos por chamada(...)”!

Ora ou sou eu que sou estúpido ou se eu logo à partida vou pagar mais 80 cêntimos por chamada, o preço não vai claramente ser o mesmo, pelo menos na factura, lá no minuto não sei que cada vez vocês me deixam perceber menos disso.

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