04 dezembro 2006

Via verde

A Via Verde é constantemente apontada como exemplo de iniciativa de sucesso em Portugal. Não concordo.

O primeiro defeito é exactamente ter sido inventada em Portugal. E porque? Porque a primeira ideia que ocorre a qualquer português que inventa qualquer coisa é "por quanto é que eu vou vender isto?", o que leva a que, em vez de o estado distribuir gratuitamente a caixinha cinzenta, poupando assim dinheiro ao melhorar a circulação automóvel, aumentando a produtividade e assiduidade dos trabalhadores, reduzindo os custos de manutenção das estradas, abolindo custos com portageiros, etc., deixa que a mesma seja vendida a ?? euros, o que, é sabido, afasta imediatamente 80 % dos potenciais clientes (com esse dinheiro da para comprar um bilhete para ir a bola).

Depois, após caríssimos Estudos, Pareceres e demais gastos de extrema utilidade, toma-se a decisão de numa portagem com 16 passagens se coloquem duas vias verdes (três, em casos mais ousados como Alverca, pontes 25 de Abril e Vasco da Gama) e se mantenham 13 ou 14 cabinas com os respectivos portageiros, que, entre nos, é das profissões mais estimulantes que conheço).

A consequência é que a Via Verde é sempre onde há bicha, e há sempre! Mesmo que nas restantes cabinas estejam portageiros (que, entre nos, é das profissões mais estimulantes que conheço) em 5 delas a olhar para a bicha da Via Verde e as restantes 8 invariavelmente fechadas (o que para mim permanece como um dos grandes mistérios deste país).

Num país normal não seria de esperar que se implantasse a Via Verde em pelo menos 10 faixas numa portagem com 16 e aí sim poder falar de Progresso?

Afinal, de que serve criar a tecnologia se é para usar a brincar, Sr. Engº.?

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